terça-feira, 13 de novembro de 2012

ANSATA





ANSATA


E dela fosse ensinado
a fala que germina
de seus cantos aquartelados
a doçura da menina
nascente dos olhos
o grito, a sina
que tanto gestos cismam
em guardar laços
do prazer e da ferida
e da boca salgada ou doce
se faz fera ou santo
a alquimia divina

Hideraldo Montenegro

sábado, 10 de novembro de 2012

VOYEUR


VOYEUR


não cismo com você à mesma proporção
que os vãos da boca esboçam cantos e trejeitos indisfarçáveis
caminho pelo teu rosto como uma vaca no pasto
esquadrinhando todas as fendas
Tua face é um mapa de tu’alma que exploro sem pudor
e viajo por luas, sóis, céus e piso em nuvens
sem me importar com a espessura da travessia
e não adianta se entocar em pensamentos esmos que de tocaia avanço
todos os recônditos gestos inomináveis
e, assim, lhe deixo inapelavelmente nua
e o gozo me vem pelos olhos ao contemplar
a mulher que dentro de você há

Hideraldo Montenegro

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A CASA





A CASA


Aos poucos a casa vai
adquirindo vida
nos pés de quem a pisa
ergue-se entre sonhos
da noite os assombros
construídos durante o dia
e refaz cada pedaço
canto e esquima
ideias vividas

A casa é pranto, dor
avenida nos esquadros
das janelas o de bruços
deita os desejos
da casa o aviso
no portal é bem-vindo

A casa se enche
de vida do telhado
ao pombo que pousa
enxuto o gorjeio da vida

Vazia
a casa desmorona
sem vitalidade
a ausência
de seus vazios


Hideraldo Montenegro